Na postagem passada publiquei um texto introduzindo o conceito Deísmo Terapêutico Moralista (DTM)citado pelo sociólogo da Universidade de Notre Dame (EUA), Christian Smith mas redigido por um pastor norte americano sendo uma idolatria bastante comum nos EUA. Minha finalidade hoje é pensar se há ou até aonde há uma influência do DTM no Brasil dada as devidas proporções.

Salientando que a minha leitura é pastoral e popular e não uma pesquisa acadêmica com coleta de dados e sim observador a partir da pregação do Evangelho. Acredito, dada as devidas proporções culturais e sociais entre Brasil e EUA , que há uma influência do DTM no Brasil e vou argumentar porque a partir de cada um dos conceitos individualmente.

Deísmo é uma corrente filosófica que nasceu na época do racionalismo e iluminismo que defende que Deus criou o mundo mas não se relaciona diretamente com ele deixando-o a mercê das leis naturais. Claro que brasileiros não flertam com filosofia de modo geral mas , ainda que não se admita, as idéias estão por detrás de toda prática. Algumas pessoas dentro e fora das igrejas agem como se não houvesse um Senhor no Universo e como se não houvesse alguém que ira pedir contas. Na verdade, o livro de Juizes mostra que os seres humanos sempre foram assim (Jz 21:25). Acredito que aqui no Brasil, muitas mas muitas pessoas, até mesmo frequentadores de igrejas, só recorrem a Deus para que seus problemas sejam resolvidos mas vivem as suas vidas como senhores dela mesma.

Com o advento da teologia da prosperidade, que está a todo vapor em nosso país, as igrejas foram contaminadas a pregar um Evangelho "light" ou uma teologia da prosperidade versão "light" ensinando que o crente não pode passar pelo sofrimento, que a partir do momento que está na igreja , Deus livrará de todos os problemas e o Evangelho da cruz de Jesus Cristo foi maqueado com auto-ajuda e psicologia alimentando o ego mas não transformando o coração. Uma abordagem desse tipo, de pregar mais o que Deus pode dar com sua mão do que a Sua própria face revelando a sua glória e majestade fonte da nossa satisfação, só gera cristãos ou "cristãos" mimados que buscam mais a sua própria glória (e enxergar o mundo com o próprio umbigo) do que a glória de Deus em todas as áreas da vida. O Evangelho da graça e da cruz de Jesus Cristo não é o "evangelho" psicológico e terapêutico massageador de ego.

Ainda que isso não seja confessado, é comum em alguns contextos mais conservadores e históricos que pregam a salvação pela graça mas a santificação parece que é somente pelo esforço humano. Em contextos históricos (eu faço parte) há ainda muita ênfase no moralismo e no legalismo, seja por falta de entendimento da graça de Deus, seja como uma reação ao falso evangelho terapêutico. Confudem intimidade com Deus e maturidade espiritual com seguimento de regras e da tradição (claro que a tradição tem o seu valor, mas o ponto aqui é o cuidado para enxergar o Evangelho puro suco em sua essência e simplicidade).

Somente o Evangelho tem poder para transformar o coração humano e nos fazer enxergar a glória de Deus nos relacionando com Ele de forma intima e profunda. Somente a graça de Deus pode mudar as nossas vidas e por isso a Ele toda a glória. Por isso precisamos centralizar nossas vidas, ministérios e serviços, pregação, igrejas, centralizar toda nossa existência no Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Conforme salienta Matt Chandler, o DTM não transforma. Só o Evangelho transforma! Parodiando o excelente blog: Voltemos ao Evangelho.