“Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo;” Mateus 28:19 Almeida século 21


A palavra pode ser nova, mas o uso é antigo. Na verdade é eterno. O Espírito Santo tem despertado a Igreja (em igrejas) no mundo todo para cumprir a missio-dei (Latin; missão de Deus – termo usado pelo teólogo Karl Barth para designar a atividade missionária da Trindade no mundo; O Pai envia o Filho; O Pai e o Filho enviam o Espírito Santo; A Trindade envia a igreja e os discípulos de Jesus na missão de Deus no mundo; encarnar o Evangelho e proclamar a redenção chamando pecadores para Cristo).

Para uma definição melhor do que significa missional leia essa postagem aqui e aqui.

Ser missional é cumprir a grande comissão de Mateus 28:18-20. É o entendimento de que o Evangelho molda os discípulos para compartilhar a fé. É entender que compartilhar a fé e o Evangelho é um mandamento do Senhor Jesus. E isso não é feito de forma proselitista e sim intencional, ou seja, as escolhas de onde morar, freqüentar e outros é motivada pelo privilégio de encarnar o Evangelho naquela comunidade. É saber que se não vamos aos confins da terra, a nossa vizinhança é um campo missionário (às vezes seu próprio lar).

Sendo missional dentro de uma estrutura histórica

Deus tem chamado vários discípulos para plantarem igrejas, algumas independentes que nascem com um DNA missional, muitas vezes, focadas em alcançar “irmãos mais novos” (parodiando Tim Keller no livro “O Deus pródigo”).

Mas alguns discípulos são chamados dentro de igrejas vinculadas ao protestantismo histórico lidando com uma realidade mais religiosa alcançando “irmãos mais velhos”. Com isso, não estou criando caricaturas ou desfazendo do protestantismo histórico e suas igrejas. Eu mesmo conheci o Evangelho dentro de uma denominação histórica que investiu em minha vida no discipulado, no treinamento, nos estudos teológicos e na consagração para o pastorado. Louvo a Deus por isso. Mas percebo também uma tendência para a religiosidade com membros de igrejas históricas que ainda não experimentaram ou desconhecem o que significa a graça de Deus. Por protestantismo histórico, definimos como igrejas evangélicas e protestantes oriundas da reforma do século XVI e seus desdobramentos que chegaram ao Brasil por intermédio de missionários estrangeiros para a evangelização da pátria e consolidação dos trabalhos denominacionais no Brasil.

Não entendo que todos que são despertados para a pratica missional, tem que abandonar igrejas históricas sob o argumento de que estruturas impedem o avanço, a flexibilidade, o dinamismo e o biblicismo da liderança e eclesiologia missional (ainda que haja um fundo de verdade nisso e ainda que alguns são chamados para isso).

A Atos 29 é uma rede internacional que tem várias igrejas históricas conectadas na rede como, por exemplo: batistas, presbiterianos e congregacionais.

Aqui no Brasil existem movimentos missionais dentro de denominações históricas ou envolvendo igrejas conectadas a denominações históricas.

Como isso acontece na prática?

O que acontece quando uma comunidade entende o que é ser missional ou há um movimento envolvendo igrejas de uma denominação histórica (ou de várias) é que novas comunidades surgem (e antigas repensam a sua forma) não abandonando os distintivos históricos de sua denominação. Ao invés de abandonarem os distintivos históricos, os articulam em um formato mais relevante e criativo para o século XXI.

Um exemplo prático que vejo é que, às vezes, igrejas podem andar apenas para a manutenção de uma instituição (se transformando num museu) ou viverem para elas mesmas (e não para a missão) quando faz uma manutenção de seus membros (às vezes tratados como clientes) através de eventos contínuos.

Um movimento missional entende que cada cristão é um discípulo. Cada discípulo membro de uma igreja local. Cada membro um missionário. Cada vida uma missão.

E para isso, é necessário um DNA missional para treinar e capacitar os discípulos para o cumprimento da missão. E isso é perfeitamente encaixado em uma igreja que pertença a uma denominação histórica.

Um exemplo prático que aconteceu na igreja onde sirvo como pastor é que usamos um hinário com hinos históricos de excelente conteúdo teológico. Mas entendemos que o ritmo precisa ser mais atualizado. Um jovem de 16 anos cantou domingo a noite na igreja um dos hinos em forma de hip-hop, pois é perfeitamente relevante no contexto onde sirvo.

O cuidado é que um ritmo não serve para todos os contextos, o que torna a eclesiologia missional flexível. Alguns irmãos em Cristo podem não concordar com o uso de alguns ritmos no culto, mas o movimento missional entende que o conteúdo é inflexível e inegociável (Evangelho), mas a forma de apresentação é flexível de acordo com o tempo e a cultura. Por isso, usamos ritmos atuais para adorar o Senhor com hinos históricos com excelente conteúdo teológico-doutrinário sem romper com a nossa herança, mas apresentando-a de forma criativa e relevante para o nosso tempo e contexto local.



Perseverar na missão com alegria

Não é contraditório ser missional e fazer parte de uma denominação histórica do protestantismo. Lembrando que tudo deve ser feito com sabedoria dentro de um tempo e modo (Ecl 3). Que é o Espírito Santo que conduz a igreja na Palavra de Deus, Escritura Sagrada. Que o decoro e humildade são virtudes do Evangelho que transforma os nossos corações.

Meu desejo e oração é que você seja um missionário de Jesus feliz e satisfeito em Deus, pela Sua graça e para a sua glória.

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One Response so far.

  1. Olá pastor.

    Li um livro de um teólogo latino-americano que trata muito bem do papel da Igreja (corpo) na Missio Dei.

    O livro é "O que é missão integral?" de René Padilla. Gostei muito e acho que casa muito bem com o conceito Missional.

    E ainda temos a vantagem de ter uma leitura da realidade latino-americana e não apenas norte-americana.

    Se o senhor já o leu, gostaria que o senhor fizesse uma critica do livro, se possível!!!

    Obrigado,
    Weliton Borges

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