Uma rede de plantadores de igrejas ainda é algo embrionário no Brasil. Ainda vivemos a transição da modernidade para a pós-modernidade (e ainda temos contextos na pré-modernidade). O contexto evangélico na modernidade foi marcado pelo surgimento das denominações conseqüentes do movimento oriundo da Reforma Protestante no século XVI. No período de transição da modernidade para a pós-modernidade, é possível e até comum, termos igrejas de uma mesma denominação na mesma localidade e ainda sim refletirem diferenças teológicas, eclesiológicas e práticas. Com isso, não quero levantar a idéia de que denominação é ruim, pois se somos cristãos, fazemos parte de alguma e se não for o caso, pelo menos uma igreja local (um cristão não sobrevive sem ela, mas isso é assunto para outra postagem). Pelo contrário, devemos amar o contexto que Deus nos colocou, mas, ainda assim, podemos aprender com outros contextos.


Uma rede de plantadores de igrejas reúne igrejas, pastores, plantadores e líderes em torno de convicções teológicas e práticas em comum. Pode-se reunir em torno de convicções mais específicas (um exemplo disso é a Acts 29 Network que mantém uma teologia reformada, carismática quanto à convicção da atuação do Espírito Santo na igreja, missional quanto à postura dialogal a respeito da cultura, igreja dirigida por uma pluralidade de presbíteros e etc....) ou pode girar em torno do Evangelho puro e simples debatendo como contextualiza-lo e impactar a cidade local com Ele (como o Restore Brazil, que participo mensalmente do treinamento).

O fato de participar (formalmente ou informalmente, filiação ou apenas freqüência nos treinamentos) de uma rede mesmo fazendo parte de uma denominação histórica não quer dizer que eu vá mudar algum distintivo específico que a caracteriza. Apenas me reúno com irmãos em Cristo que querem que o mesmo Reino avance para que a cidade do Rio de Janeiro (e adjacências) seja impactado com o Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Para isso recebemos treinamento mensal sobre visão, missão, estratégia e discipulado (treinamento de liderança); teologia centrada no Evangelho além de oração, testemunhos e pastoreio de pastores.

Fato é que tem sido uma benção tremenda em minha vida. Acredito que futuramente mais e mais redes surgirão pois já se passou o período moderno em que um homem com uma visão fazia todo o trabalho. Com a velocidade de informações e o advento da pós-modernidade, mais e mais igrejas e líderes se reunirão em torno de uma mesma filosofia de ministério.

Então segue os motivos porque acredito em redes de plantação de igrejas (e consequentemente revitalização das existentes e estabelecidas):

1 – Pela biblicidade, vide o livro de Atos e o modelo paulino de plantação e rede com os seus cooperadores de ministério.

2 – Pelo maior uso e reflexão mais profunda dos dons espirituais existentes nas Escrituras.

3 – Pela maior comunhão existentes entre líderes. Com isso , há confrontamento e crescimento em Cristo através do aconselhamento. Líder isolado fica vulnerável a vaidade e consequentemente desliza por não caminhar com outros. Também há auxílio e pastoreio para um líder que enfrenta alguma dificuldade pessoal ou ministerial.

4 – Poder aprender com líderes mais experientes. O aprendizado é contínuo para um discípulo de Cristo que serve na igreja.

5 – Estrutura mais flexível e informal.

Isso não quer dizer que adeptos de redes sejam rebeldes e não acreditem em instituições. Pelo contrário, a idéia é maior aprimoramento para melhor e mais eficiente serviço à Igreja e a causa de Cristo. À medida que a pós-modernidade e o pluralismo de idéias surgem, mais e mais líderes, mesmo em uma única denominação podem pensar de forma diferente e até mesmo oposta (ex: um conservador e outro liberal, teologicamente falando).

Como um pastor de uma igreja local e estabilizada de um contexto histórico pode escrever sobre rede de plantação e se beneficiar dela? Pelos motivos escritos acima. E isso é possível? Sim. Para revitalização da igreja sem ferir os distintivos ou plantação com uma filosofia de ministério.

As redes não estão surgindo para substituir as igrejas, mas para servi-las. Que Deus, o Senhor da Igreja use as redes para espalhar de forma poderosa o Evangelho da graça de Cristo para que mais e mais vidas sejam transformadas pela e para a Sua glória.

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3 Responses so far.

  1. Luciano says:

    Juan,
    fiz um comentário no post imediatamente posterior a este, portanto, o que aqui vai acho que nem é bem um comentário, mas alguns questionamentos que gostaria de ver respondidos.
    Você fala de rede de plantadores de igrejas, ok.
    Recentemente, o pastor da igreja onde estou começando a congregar me emprestou um exemplar do livro "Liderança Corajosa", de Bill Hybells.
    Comecei a lê-lo e me vi em meio à questão de visão, métodos e metas.
    Congreguei em uma denominação por sete anos, onde fui alçado a algumas funções. Certa vez, numa reunião de obreiros, fomos responsabilizados pela estagnação numérica dos grupos internos sobre os quais tínhamos responsabilidade, e instados a uma reação sob pena de sermos retirados da referida função. Pois bem, comecei a pensar acerca do que significava o crescimento do grupo, e concluí que traduzia a salvação de vidas. Então pensei como eu poderia ser responsabilizado pela salvação de vidas se elas o são pelo Senhor, e não por mim, ou como se poderia pensar na justiça do Senhor se Ele deixasse a salvação de alguém depender da minha capacidade explanatória ou carisma pessoal. Bom, o fato é que meditando mais sobre o que fazia alguém ser salvo foi que acabei chegando à teologia reformada e deixei aquela denominação.
    Hoje, ouvindo falar sobre métodos de crescimento, estratégias de implantação de igrejas, treinamento de líderes e, sobretudo, em metas a serem alcançadas, como no livro acima citado, mais uma vez me vi naquela reunião sendo responsabilizado pela salvação de vidas.
    Você poderia me mostrar qual a diferença entre isso de que você trata no seu post e aquilo que eu experimentei naquela reunião?
    Agradeço desde já sua ajuda.
    Um abraço.
    Luciano Martins Pomponet.

  2. Luciano,

    valeu pela visita e comentário.

    Deus abençoe sua caminhada com o Evangelho.

    O post aqui não tem nada a ver com as questões levantadas por vc.

    Abração,
    Juan

  3. Luciano says:

    Juan,
    Desculpe a insistência, mas como a laconicidade da sua resposta me fez duvidar da minha capacidade intelectual de ler um texto, compará-lo com uma situação fática e daí extrair alguns questionamentos que me pareceram pertinentes, ainda que admitindo a hipótese de não o ser, traduzida no pedido de demonstração da diferença entre o fático vivido e o lido, e pensando que quando você fala que receberam “treinamento mensal sobre visão, missão, estratégia e discipulado (treinamento de liderança) (grifos meus)” a generalidade dos termos pode, sim, abarcar o conceito da situação fática em que me vi envolvido, gostaria de solicitar que os mesmos fossem desenvolvidos a fim de que eu pudesse ver onde eles não têm nada a ver com o que eu expus.
    Em Cristo.

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