As estréias de ontem

Para quem me conhece pessoalmente sabe que um dos meus hábitos ou hobby é assistir filmes. Eu e minha esposa somos cinéfilos. Ontem tive o privilégio de assistir a estréia do filme Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro. Assim como o anterior, o primeiro da série, o filme foi dirigido por José Padilha e estrelado por Wagner Moura. Do ponto de vista leigo, pois não sou critico de cinema, foi uma excelente produção e o filme terminou com aplausos do público. Padilha já fez outros filmes com foco na violência urbana do Rio de Janeiro como por exemplo o documentário  Ônibus174. Wagner Moura, baiano e residente no Rio de Janeiro também é um ator bastante conhecido no Brasil pelo teatro, teledramaturgia e filmes brasileiros. Nessa segunda parte da série, ele retorna como Coronel Nascimento transferido para secretaria de segurança do Rio e então tem que lidar com o inimigo maior, o sistema, ao invés de lutar somente contra o crime organizado e o tráfico de drogas e ainda tem que lidar com as tensões da paternidade e do filho adolescente. Uma excelente resenha critica do filme pode ser lida aqui e aqui. Uma característica do filme é o caráter da denúncia quanto a realidade de nosso país e a inteligência em mostrar a falta da ideologia, preparo intelectual e o carisma na escolha dos candidatos, bem como a participação do sistema beneficiando erros. São ótimos insights que o filme trás sobre a realidade do país ainda que digamos: infelizmente é assim.

Antes de ir ao cinema, passei na livraria e adquiri o livro, também lançado ontem nas livrarias, Elite da Tropa 2  editado pela Nova Fronteira que contém paralelos com o filme mas também particularidades somente do livro.

Ambos os lançamentos, tanto o filme quanto o livro apontam para a realidade atual do país de um sistema que envolve desde a criminosos de rua como a política do país. Ambos denunciam também os esquemas da milícia e o envolvimento de autoridades com esta organização. 

O que as estréias de ontem tem a ver com um jovem pastor evangélico e blogueiro?

Eu não sou um comentarista de cinema e nem especialista em segurança pública. Sou formado em Teologia e sou pastor evangélico. Qual a minha finalidade em comentar esse filme e o conteúdo da minha nova aquisição literária? 

Como seguidor de Jesus Cristo não posso me conformar e me acomodar ao ver , ainda que de forma fictícia, a realidade de nosso país. Jesus nos chamou para sermos sal da terra e luz no mundo (Mateus 5:13-16). Como um pregador do Evangelho, que é o poder de Deus para todo aquele que crê (Romanos 1:16), sou chamado a confiar no que transformou a minha vida e o meu coração, a saber, o Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como cristão que crê na Bíblia como verdade revelada de Deus, entendo que toda essa maldade e corrupção tem origem no que Agostinho chamou de pecado original. A grosso modo, pecado original é a doutrina bíblica (Romanos 5:12-18) que a desobediência de Adão teve efeito cósmico no que tange ao relacionamento com Deus e a entrada do mal na humanidade. Esse pecado original tem desdobramentos existenciais (a proliferação da maldade entranhada no coração humano) e desdobramentos sociais (violência, exclusão, etc.....) como consequência e pano de fundo espiritual e moral. 

O Evangelho é a reconciliação do ser humano perdido e escravo do pecado com Deus através da fé em Jesus Cristo, Deus filho (Romanos 3:24-25, 1 Timóteo 2:5).

E a Igreja com isso?

O problema se da quando temos várias igrejas e não vemos alguma mudança. Claro que há muitas nuances a serem indagadas e comentadas mas a pergunta é: porque algo não muda? E respondo com outra pergunta: o verdadeiro Evangelho bíblico de Jesus Cristo está sendo pregado, proclamado e ensinado?

O problema é que muitas igrejas , ainda que preguem e afirmem o Evangelho, o focam somente como salvação mas o obscurecem com outras ênfases formando pseudo-evangelhos, por exemplo:

  • ênfase em tradicionalismo, legalismo e moralismo: na prática, a tradição da igreja, suas regras e sua moral são mais enfatizadas que o Evangelho transformador de vidas de Jesus Cristo. Para essas comunidades, um bom comportamento externo e o cumprimento dos rituais tradicionais já bastam sem levar em conta o coração transformado pelo Evangelho. Há uma postura muito desconfiada para com a cultura.
  • ênfase no misticismo: a pregação se concentra mais nos milagres buscados por pessoas desesperadas do que a pregação que glorifica o Deus que faz os milagres. Maior ênfase na mão de Deus e naquilo que ela pode dar do que a própria face de Deus.
  • ênfase no subjetivismo: pregação que busca mais a satisfação do ego humano e ser uma auto-ajuda através de uma manipulação emocional e uma comunidade focada somente na sociabilidade sem levar em consideração o caráter transformador da mesma, transformando apenas pessoas em seres mimados. O sentimento das pessoas (que tem sua enorme importância) acaba tendo maior peso que a verdade revelada na Bíblia.
  • ênfase no intelectualismo: quando o Evangelho é apenas uma assimilação de conteúdo intelectual e a ênfase está no conhecimento da Teologia cristã sem efeito transformador no coração.
  • ênfase no ativismo: quando é enfatizada apenas a ação do Evangelho e seu caráter missional sem levar em conta o efeito transformador que conduz a uma adoração de coração mudado. 
Essas ênfases reducionistas do Evangelho nos mostram que precisamos urgentemente que novas igrejas sejam plantadas sem os vícios reducionistas e que novas comunidades sejam plantadas tendo o Evangelho transformador de Jesus Cristo que nos revela a glória de Deus seja tanto o poder para a salvação e conversão verdadeira através do arrependimento dos pecados e da fé em Jesus Cristo como também o recheio e o combustível para o viver cristão diário tendo Cristo como Senhor em todas as áreas da vida como também o norteador da agenda da comunidade.

E se novas igrejas forem plantadas de forma mais centrada no Evangelho para um efeito de melhor comunicação e vivência do mesmo, igrejas já estabelecidas serão desafiadas para um retorno da simplicidade e pureza do Evangelho abandonando seus vícios, seus ídolos e suas "vacas sagradas" para uma maior vivência do Evangelho de forma que Deus seja mais glorificado e desfrutado.

A medida em que isso vai acontecendo, mais e mais pessoas vão sendo verdadeiramente transformadas em seu coração pelo Evangelho de Jesus Cristo e consequentemente a sociedade carioca vai sendo transformada e a violência, corrupção e criminalidade vai diminuindo a medida em que o Rio de Janeiro vive um avivamento espiritual transformador. Vamos orar por isso! Onde quero chegar é que a realidade denunciada pelo filme e pelo livro é consequência da proliferação do pecado e da maldade humana e da falta do Evangelho de Cristo que transforma o coração das pessoas e a fazem ver a glória de Deus e viver para ela num relacionamento de intimidade com o Criador. O problema sobre segurança pública e violência tem a sua plena solução no Evangelho redentor do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Precisamos do Evangelho, nada mais que isso, apenas o Evangelho. E que Deus transforme mais e mais vidas através do Evangelho de Jesus Cristo no Rio de Janeiro e adjacências.







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One Response so far.

  1. Roberta says:

    O filme faz a gente sair sem nenhuma esperança para o nosso país, ms a reflexão nos mostra q há uma luz no fim do túnel. Excelente análise =)

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